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A Principal Manchete Sobre Naftali Bennet de Primeiro Ministro Não Foi Escrita
Depois de doze anos Benjamin Netanyahu não será mais o Primeiro-Ministro do Estado de Israel. Pessoalmente será fechar um ciclo, pois em 2009 estava aqui no seu comeback histórico depois de anos como um líder da oposição por vezes caricato. Apesar de sempre ter sido crítico ao Bibi, respeito muito seu legado e seus resultados. Alguns são indiscutíveis como a liderança na gestão da crise do Corona.
No entanto, quem tem mais legitimidade para emitir pareceres definitivos é quem morou em Israel de forma ininterrupta nestes 12 anos. Portanto, entendo quem considera ele um líder com ótimos números e feitos em bitachon (segurança), economia e política externa. Assim como respeito plenamente a opinião de quem critica seus resultados dizendo que ele fez uma política focada na sua sobrevivência dividindo os cidadãos e semeando cizânia. Assim como quem aponta os processos de corrupção, o sufocamento da classe média com preços que são um dos mais caros do mundo e dele ter sido fraco em bitachon no círculo mais próximo: prometeu acabar com o Hamas na campanha de 2009 e entregou o cargo com o Hamas bombardeando boa parte do país com mais de 4000 foguetes.
Após quatro eleições assumirá um novo governo não encabeçado pelo Bibi. Ele é composto por uma miríade de partidos políticos que reflete o pluralismo do ethos Israeli. Partidos de esquerda, de centro, de direita e um partido árabe de orientação islâmica. Parece paradoxal? Lembremos que países que fizeram uma paz muito promissora com Israel, os Emirados Àrabes Unidos e Bahrein, são islâmicos sunitas etnicamente e religiosamente muito semelhantes ao partido Raam de Mansour Abbas. Lembrando que este mesmo político árabe recentemente proferiu um discurso histórico pregando a coexistência e uma nova página.
Benny Gantz que será ministro da defesa mostrou uma condução muito soberba no último conflito e por ter sido Chefe do Estado Maior teve um entrosamento fantástico com o aparato de segurança israelense. Ele tinha sido desmoralizado por ter entrado em um governo com Bibi em nome da luta contra o Corona. Foi chamado de “recruta político” e muitos ex-oficiais de alta patente pediram para ele não concorrer mais. Porém ele se manteve firme liderando o partido Cahol Lavan e não apenas quebrou a cláusula de barreira como hoje é considerado o político mais confiável de Israel.
E Naftali Bennet? Ele protagonizou o inimaginável ao se tornar Primeiro-ministro. Em uma das eleições recentes o seu partido Yamina, de orientação direita e direita-religiosa-sionista, não conseguira nem mesmo ultrapassar a cláusula de barreira. Bibi utilizou uma narrativa divisionista e muito semelhante à de Trump para tentar contrapor o movimento de criação deste novo governo. Rotulou eles de “governo de esquerda” e disse que pela pouca representatividade de Bennet a eleição foi uma “enganação”. Ele tentou constranger Bennet no seu próprio campo político e dissuadir os membros de seu partido, bem como membros do partido de outro desafeto: Gideon Sa’ar. Mas não adiantou. A reedição do “pacto de irmãos” entre Bennet e o próximo Primeiro-Ministro na rotação, Yair Lapid do Yesh Atid, se manteve firme e resoluta na busca do autodenominado “governo da mudança”.
Bennet iniciou na política por ter se indignado com os erros que ele viu na Segunda Guerra do Líbano em 2006. Antes disso ele tinha protagonizado mais uma grande história de sucesso no empreendedorismo de alta tecnologia de Israel. Ele sempre se posicionou a direita de Bibi. Apresentava ideias mais duras contra concessões territoriais e sempre foi transparente nos seus posicionamentos. Ele usa Kipah, fala um inglês irretocável (pais americanos) e aparecia muito nas grandes redes de notícias mundiais normalmente nocauteando âncoras com viés anti-israelense. Ele amadureceu muito politicamente nos últimos anos passando por vários ministérios chave, incluindo a defesa. Uma das oposições mais duras que ele está sofrendo é a do campo ultra-ortodoxo que acredita que as pautas da Torah serão negligenciadas pela presença de forças supostamente antirreligiosas como Meretz e Liberman no novo governo.
Dito tudo isso, a principal manchete sobre Bennet não foi escrita. Pela primeira vez na história do Estado de Israel assumirá um Primeiro-Ministro empreendedor resultante da cultura “Start-up Nation”. E isso é uma grande novidade! Sua campanha foi majoritariamente focada em pautas econômicas visando dinamizar ainda mais Israel e propiciar um salto de desenvolvimento ainda maior. Os Primeiros-Ministros de Israel sempre foram diplomatas e ativistas ideológicos gigantes, generais vitoriosos ou pioneiros (Chalutzim). O paradigma mudou e será congruente com a mudança vivida na economia e na sociedade de Israel nas últimas décadas. É verdade que poderia ter acontecido antes com Erel Margalit, outro empreendedor candidato à Primeiro-Ministro e também é verdade que os generais atuais do Tzahal têm uma mentalidade empreendedora tão ou mais aguçada do que líderes de mercado. Porém me permitam colocar o holofote no grande fato histórico de que estamos vendo o novo arquétipo de Israelense Mitológico comandando o país: um empreendedor da alta tecnologia. Um ícone da Start-up Nation. Sucesso ao novo Governo!
Texto de Fabio Lavinsky.
Diretor de Advocacy da FIRS (Federação Israelita do Rio Grande do Sul), Médico, Pesquisador, Professor e Empreendedor.
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