Carta aberta à mídia do Brasil
O jornalismo tem papel fundamental na sociedade democrática. O de relatar um fato, uma notícia de interesse público, ensinar, informar e educar uma pessoa sobre algum assunto de relevância.
Esta carta tem intenções pacíficas e seriedade ímpar, na tentativa de alertar as diferentes mídias do Brasil em relação ao conflito Palestino Israelense. A imprensa precisa tomar cuidado para não cair em armadilhas, algo muito usado por radicais palestinos para atrair a mídia, produzindo fotos e vídeos para usá-los contra Israel. Recentemente, um jornalista da MSNBC – uma das maiores redes de TV americanas – reportando de Jerusalém, foi corrigido no ar, ao vivo, ao afirmar que um jovem palestino morto não estava armado enquando que o vídeo exibido na reportagem mostrava, claramente, uma faca em suas mãos.
O teatro feito por alguns grupos palestinos em protestos montados de propósito – os quais possuem mais fotógrafos e cinegrafistas do que protestantes – está se tornando cada vez mais evidente. A mídia ou jornalista que se deixa cair nesse teatro muito elaborado demostra sua falta de sensibilidade para perceber a realidade e coloca sua credibilidade em risco.
Existe dentro da sociedade palestina a crença de que a mídia está a seu favor e isso os estimula a criar situações falsas em campo , acontecimentos que na verdade não ocorreram, para danificar a imagem de Israel. Em outras palavras, é a conhecida PALLYWOOD – alusão à palavra HOLLYWOOD – prática comum entre grupos específicos de palestinos que gravam cenas “montadas” retratando situações falsas ou exacerbadas de violência, numa procura extrema de sua vitimização.
Tal conflito antecede até mesmo o jornalismo que conhecemos hoje e logicamente todas as tecnologias que fazem o interlocutor ter acesso a informação de maneira instantânea por textos, vídeos ou gravações. O tratamento de informações complexas, vídeos e cenas fortes não pode ser colocado de maneira simplória, exposto sem contexto para uma população que mora a milhares de quilômetros do Oriente Médio. A racionalidade em divulgar é claramente correta pois assim se deve fazer um jornalismo honesto e coerente, porém há de se tomar precauções em relação a temas, fatos, narrativas e principalmente o contexto da notícia a ser noticiada. Tal cuidado é tão importante quanto o nobre trabalho que professores tem com seus alunos. Caso um professor não ensine corretamente seus alunos ou não explique contextos e fatos, eventualmente, o aluno aprenderá errado e acreditará que o que sabe é uma verdade absoluta quando de fato, não é. O jornalismo precisa ser encarado como uma sala de aula onde o interlocutor é um aluno e o jornalista, um professor.
Israel já lutou inúmeras guerras e, em todas elas, foi atacado apenas pelo fato de existir. Venceu as guerras mas, se as tivesse perdido, deixaria de existir. Há muitas décadas, essas guerras eram simétricas, entre países onde exércitos se enfrentavam. Hoje, assim como em outros lugares do mundo, as guerras são assimétricas, onde um dos atores não aparece como um exército formal, onde grupos terroristas ou guerrilhas deflagram batalhas contra estados das mais diversas maneiras, na maioria das vezes, usando de táticas terroristas, onde os civis são o principal alvo.
Nos últimos dois meses vemos tristemente em Israel uma onda nova de violência, onde uma liderança palestina religiosa, política e educacional incentivou seus jovens cidadãos a cometerem atentados solitários contra israelenses, baseando-se em mentiras ou exageros sobre supostas ações israelenses que, comprovadamente, não aconteceram conforme relatam. Nas últimas semanas apenas, dezenas de palestinos ou cidadãos árabes de Israel saíram as ruas armados com facas e armas de fogo apenas para assassinar outro cidadão comum.
Temos visto na mídia em geral no Brasil que apenas uma parte das notícias são realmente noticiadas e, normalmente, a parte noticiada é apenas quando Israel toma algum tipo de atitude, seja tática ou política. Esta distinção não apenas demonstra falta de conhecimento sobre o contexto, que é complexo, mas também falta de interesse jornalístico em realmente informar o leitor. Infelizmente, o resultado desta “escolha” da notícia não informa o interlocutor e acaba criando um vácuo de cultura e informação em toda uma sociedade carente em saber o que aconteceu de fato.
Não o bastante, muitos veículos importantíssimos no Brasil tomaram decisões tristes de modificar uma manchete ou um título por inúmeras razões, causando um trocadilho de palavras, transformando assim o criminoso em vítima e a vítima em uma casualidade. Em outras palavras, ao invés da notícia ser sobre o ato, a manchete é sobre quem fez o ato. Tal atitude desinforma, cria um falso contexto para uma situação já extremamente complexa.
Caros meios de comunicação do Brasil: o dever público de informar é, incontestavelmente, inseparável da responsabilidade social que cada veículo de informação tem com a verdade, ética, caráter e credibilidade que a sociedade lhes concedeu. Que se faça jus a tais nobres títulos e credenciais. Divulguemos um produto jornalístico, o qual requer contextos de antemão, de maneira imparcial, revelando a complexidade da situação e seus derivados.
Israel é uma democracia livre, onde a mídia local é altamente crítica e autocrítica. Em caso de dúvidas, sugiro que antes de montar contextos, manchetes ou notícias baseadas em opiniões ou notícias de terceiros, verifiquem os fatos e os dados. Israel tem a terceira maior concentração de jornalistas internacionais no mundo, tenho certeza que sempre encontrarão alí um ambiente seguro e propício, parceiros e agencias de informações locais fidedignas, jornalistas locais dispostos a ajudarem o entendimento do contexto de maneira segura para um trabalho jornalístico fiel, digno, ético e acima de tudo, com credibilidade. Isto é o que o interlocutor brasileiro espera de verdade.