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Daniel Rabetti

O incrível desabafo de um Palestino

Leiam na íntegra o texto lindíssimo de Bassem Eid, Palestino que cresceu em campo de refugiados, formou sua família e hoje defende a pacífica solução para a Palestina. São de líderes assim que o povo palestino necessita!

Nós Palestinos possuímos a chave para um futuro melhor

Eu sou um Palestino orgulhoso que cresceu em um campo de refugiados e criou uma grande família. Eu quero paz e prosperidade para o meu povo. Eu quero um fim à miséria e a destruição.

Após 66 anos de erros e oportunidades perdidas, é chegado o tempo para nós, Palestinos, criarmos as condições para a paz e trabalhar para um futuro melhor. É o momento de pararmos de fingir que nós podemos destruir Israel ou jogar os Judeus ao mar. É o momento de pararmos de ouvir radicais muçulmanos ou regimes árabes que nos usam para continuar uma guerra inútil, destrutiva e imoral com Israel.

Nossa triste situação

Vamos ser realistas. Nós palestinos não estamos indo bem.

Em Gaza, nossas escolas são controlados por fanáticos muçulmanos que doutrinam nossos filhos e o Hamas usa civis como escudos humanos em uma batalha perdida contra Israel. Hamas mantém o poder através da violência, e assegura que o dinheiro seja gasto em seu arsenal, em vez de tornar a vida dos Palestinos melhor. Enquanto o presidente Abbas é rápido para denunciar Israel quando este ataca o Hamas, ele não tem absolutamente nenhuma habilidade de parar o Hamas de provocar Israel.

Na Cisjordânia, enquanto Abbas tem sido incapaz de parar a construção de assentamentos israelenses, os únicos empregos bons, são das empresas israelitas, porém, o movimento BDS (Boicote, Sanções e Desinvestimento) está fazendo o seu melhor para levar esses trabalhos para longe de nós. Abbas dirige uma ditadura corrupta que usa fundos internacionais para consolidar sua própria administração, em vez de desenvolver a economia palestina.

Em Jerusalém Oriental, o AP (Autoridade Palestina) é tão suspeita que a maioria dos Palestinos preferem viver sob domínio israelense do que sob o regime dela, porém, parece que alguns de nós ainda são incapazes de viver em paz com os Judeus.

Em campos de refugiados palestinos nos países árabes, nossos direitos humanos são constantemente violados, e nós somos simplismente usados por nossos anfitriões árabes para promover seus próprios objetivos.

Os fatos sobre Israel

Apesar do que dizemos a nós mesmos, Israel está aqui para ficar. Além do mais, ele tem o direito de existir. É a nação dos Judeus, mas também uma nação para os Árabes israelenses que têm uma vida melhor do que Árabes em qualquer país Árabe. Devemos aceitar esse fato e seguir em frente. O anti-semitismo promovido pelo Hamas, o Fatah, e o movimento BDS, não é a resposta para nós Palestinos.

A resposta é viver em paz e democracia, lado a lado com Israel. Perdemos muitas oportunidades de fazer isso. Nós perdemos em 1947, quando os regimes Árabes nos encorajaram a recusar o plano de partilha da ONU. Perdemos, também, entre 1948 e 1967, quando nos recusamos a criar um estado ao lado de Israel. Perdemos, novamente, a cada vez que recusamos uma solução de dois Estados.

No entanto, sabemos que os Israelenses querem viver em paz, e que a grande maioria dos Israelenses são amigáveis e de boa vizinhança. Sabemos que a violência palestina em Israel desencoraja israelenses sobre o processo de paz e eles acabam elegendo governos de direita. Sabemos que o Egito foi capaz de garantir um acordo de paz com Israel porque o Egito concordou em aceitar Israel e desistir da violência. Sabemos que a abordagem pacífica funciona com Israel, porém continuamos utilizando da violência e da retórica extremista.

Israel nunca aceitará um grande afluxo de Palestinos que mudaria o caráter judaico de país. Isto significa que, insistindo no retorno de milhões de refugiados em Israel, é pura ilusão. Além disso, as vilas que contamos aos refugiados palestinos de que um dia eles retornarão à elas, já não existem mais. Estamos simplesmente mentindo para nós mesmos.

Um novo caminho

Para fazer paz com Israel, precisamos mudar nossa abordagem. Precisamos aceitar que o direito de retorno será resolvido através de uma compensação financeira que permitirá que os refugiados palestinos se fixem tanto em países árabes ou na Palestina. Precisamos aceitar que a segurança de Israel é a chave para qualquer solução. Precisamos aceitar que Jerusalém Oriental talvez seja anexada a Israel.

Nossa mudança mais importante nesta nova abordagem, na qual necessitamos da ajuda da comunidade internacional, é a que precisamos de um governo democraticamente eleito e secular que responda às necessidades do nosso povo. Como escrevi em Agosto de 2008 com Nathan Sharansky, ex-dissidente soviético e autor do livro “The Case for Democracy”, não haverá paz sem democracia. Enquanto o chamado líder palestino é capaz de usar fundos internacionais no sentido de consolidar a sua própria rede de comparsas corruptos, os Palestinos não confiarão nele e irão para a alternativa, que, infelizmente, é o Hamas.

Conforme escrevemos em 2008, a intenção israelense e internacional de apoiar um líder não-democrático e corrupto, pensando que ele seja “capaz de combater o Hamas e a forjar a paz com Israel”, não funciona. Quase sete anos depois, é ainda mais claro que esta abordagem não leva a nada. O presidente Abbas não tem credibilidade entre os Palestinos, e mesmo se ele quisesse um acordo de paz (o que parece duvidoso), ele não tem capacidade de convencer o povo palestino.

O que nós, Palestinos, precisamos, é de uma sociedade civil forte, instituições democráticas firmes e de pôr fim às violações dos direitos humanos, incluindo aquelas perpetradas pelos próprios Palestinos e outros Árabes. Doadores internacionais, bem-intencionados, devem assegurar que o dinheiro seja gasto para atingir esse objectivo, e não para sustentar, tanto o Hamas, como o Fatah. Não há dúvida de que muito trabalho é necessário, mas pelo menos temos de inverter a actual tendência que está levando a sociedade palestina à deriva nas mãos de um Governo corrupto e brutal, tanto em Gaza, como na Cisjordânia. Ironicamente, é apenas em Jerusalém Oriental, sob o governo israelense, que a maioria dos Palestinos se sentem devidamente representados por seus políticos.

Esperança para o futuro

Apesar de nossa situação atual, eu acredito que o nosso futuro será brilhante se fizermos o que é necessário para alcançar a paz. Nós podemos ter uma democracia secular que persegue nossos próprios interesses. Nós podemos viver em paz com Israel e com Judeus, e nós podemos beneficiar do sucesso econômico de Israel e dos valores democráticos. Nós temos o poder de transformar um inimigo de longa data em um amigo. Nós temos uma escolha, e nós podemos exercer essa escolha para um futuro melhor para o nosso povo.

Bassem Eid é o fundador e ex-diretor do Grupo de Acompanhamento e Direitos Humanos dos Palestinos (PHRMG) com sede em Jerusalém. Ele é um defensor da paz com Israel e crítico do terrorismo.

About the Author
Fazendo frente ao mundo de desinformações que assolam editoriais e movem teclados contra Israel. Daniel é mestre em Economia Financeira, Professor e Pesquisador Assistente na Faculdade IDC Herzliya. Siga-me no Facebook.
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