Quando não temos o privilégio de não negociar
Durante os últimos meses, vemos com muita preocupação uma onda interminável de atentados com armas, facas, carros e outros tipos de armas, contra civis israelenses. Chamados de “Lobos Solitários” estes indivíduos vão dormir pessoas normais, e acordam terroristas. Em estudos acadêmicos sobre terrorismo e contra-terrorismo, é praticamente impossível impedir atentados provenientes de “Lobos Solitários”, principalmente se o mesmo for efetuar o ataque com uma faca de cozinha.
Dentro deste contexto perturbador, que nos lembra cidades violentas do Brasil, chegamos a conclusões por inúmeros motivos, de que não há com quem conversar. Realmente, nos últimos anos, a Autoridade Palestina está cada vez mais se auto-elevando a um patamar intocável por interesses políticos internos, dificultando cada vez mais que hajam negociações diretas com Israel. Para que elas aconteçam, o governo de Israel teria que ceder ferramentas diplomáticas e efetuar desdobramentos políticos que não caberiam para o atual governo executivo israelense. Em outras palavras, os dois lados estão neste momento, protegendo seus interesses políticos internos: A sobrevivência política.
Porém, temos que lembrar que Israel não se encontra no mesmo patamar frágil e fraco como a Autoridade Palestina. Estes são os fatos: Israel é o 8th país mais poderoso do planeta, detém de um sistema político estável, uma grande economia para seu tamanho e possui, de fato, força militar provavelmente superior a todos os países da região juntos. Ao mesmo tempo, é de interesse israelense que haja paz e reine a prosperidade. Portanto, não há outra solução a não ser negociar, mesmo que se saiba de que o outro lado está sendo completamente brutal e irracional, mesmo que estejamos negociando com um governo corrupto e que se nega de condenar atentados contra civis, mesmo que exista pressão interna em Israel para o não.
Dizia o então Ex chefe do Shin Bet, Avraham Shalom: ” Não temos o privilégio de não negociar. Temos que negociar com qualquer um que esteja disposto a negociar conosco. As coisas se aclaram. Você vê que ele não bebe petróleo, ele vê que você não come vidro”.
O atual chefe da inteligência militar israelense afirmou há poucas semanas que ” a onda de violência tende a diminuir caso exista um processo de negociações com os palestinos em andamento”
Não temos o luxo, o privilégio de não negociar. Assumir esta realidade não significa que estamos escolhendo um partido político ou uma linha de esquerda ou direita. Assumir esta realidade nos torna apenas, realistas.