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Ariel Krok

“Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha direita da sua destreza.”

Cabe a qualquer país estabelecer a sua capital aonde bem entender. Jerusalém já é desde 1950 a capital de fato de Israel. Há décadas estão ali o Knesset (parlamento), ministérios, a residência oficial do presidente e a do primeiro-ministro entre outras sedes dos poderes de Israel. Antes disto, na verdade bem antes disto, Jerusalém já era intimamente ligada ao povo judeu, desde os tempos do rei David, aquele mesmo da estrela, há mais de 3.000 anos.

No século I d.c. os Romanos promoveram o exílio forçado de boa parte do povo judeu (já que sempre houve presença judaica na região, em maior ou menor número, através da história), desde então, ano após ano repetimos “Be Shanah Habah B´Yerushalaim”, ou seja, ano que vem em Jerusalém, deixando claro o profundo desejo e sentimento de pertencimento àquelas terras por parte do povo judeu.

Também o título deste texto, que é parte do Salmo 137, não deixa dúvidas do amor dos judeus em relação à Jerusalém que guarda o local mais sagrado do judaísmo, a religião monoteísta mais antiga. Local este que o curto domínio jordaniano (de 1948 a 1967) mantinha proibida a entrada exclusivamente para judeus e foi lamentavelmente profanado ao ter sido usado como depósito de lixo pelos árabes. Mais ainda, Jerusalém é mencionada mais de 600 vezes nas escrituras judaicas e em qualquer parte do mundo rezamos voltados para esta cidade, tem até App. para mostrar a direção correta. Enfim, é muito claro que motivos religiosos não faltam.

“Pray towards Jerusalem” reze voltado para Jerusalém

 

Motivos históricos (apesar de ti UNESCO) são gritantes de tão fartamente documentados e corroboram a legitimidade deste Estado membro das Nações Unidas, um entre poucos dos mais ratificados da história, já que recebeu aval tácito da maioria dos países membros da ONU quando votou pela partilha do território britânico há 70 anos. Vale lembrar que antes, por muitos séculos, estas terras eram de domínio Otomano que por sinal nunca deu muita bola pra Jerusalém, quem dirá ser uma capital árabe/muçulmana.

Sabemos que dificilmente se chega a uma saída radical, como é a o caso de uma partilha territorial, sem uma forte conexão com o que de fato acontecia por aquelas bandas por muito tempo, prova disto foram as tratativas/tentativas anteriores, San Remo, Balfour… ou seja, a complicada situação dos judeus naquelas terras sendo constantemente atacados, datavam de bem antes do resultado final que foi justamente a partilha.

Manchete do massacre de Judeus em Hebron, 1929. “Dias de Furia” árabe já estavam na moda naquela época.

Dito isto, deixo claro que tenho uma série de questões com Trump e sua administração, mas este frenesi psicótico com absolutamente tudo que ele fala ou faz é bizarro, pra dizer o mínimo.

Tempos atrás a Rússia já havia declarado reconhecer Jerusalém ocidental como a capital de Israel. Em maio deste ano o parlamento checo também reconheceu, e logo após a declaração de Trump foi a vez do governo checo  que endossou seu parlamento. Naturalmente um a um, fora os de costume, vão reconhecer o óbvio sem maiores alardes catastróficos. Aliás, todos os presidentes americanos, desde Bill Clinton, reconheceram Jerusalém como capital de Israel, e prometeram mudar a embaixada americana para lá, mas a gritaria estava de férias nestes anos todos.

Trump ainda tomou o devido cuidado ao deixar claro que a cidade é e continuará sendo completamente aberta para as três grandes religiões monoteístas, quando disse: “Jerusalém é hoje e deve permanecer, um lugar onde os judeus rezam no Muro das Lamentações, onde os cristãos caminham na Via Dolorosa e onde os muçulmanos veneram na Mesquita de Al-Aqsa” e foi além, chamou o Monte do Templo, local sagrado para Judeus e Muçulmanos, também pelo seu nome em árabe, Haram al-Sharif.

Bibi, o primeiro ministro de Israel, em sua mensagem de agradecimento à Trump foi preciso quando mencionou as três fés ligadas a Jerusalém, “Eu também quero deixar claro: não haverá nenhuma mudança para o status quo nos locais sagrados. Israel sempre assegurará a liberdade de culto para judeus, cristãos e muçulmanos”, coisa impossível antes da reconquista da cidade velha por parte de Israel em 1967.

Já o presidente da Autoridade Palestina em seu comunicado após o anúncio de Trump, mais uma vez falhou em reconhecer a óbvia conexão do povo judeu com Jerusalém, segundo Abbas: “… uma cidade árabe cristã e muçulmana, a capital do eterno estado da Palestina” e só! Nenhuma novidade vinda de alguém que há pouco tempo falou que “os israelenses não tem o direito de profanar nossos locais sagrados com seus pés imundos”… Pois é, este é o líder palestino “moderado” que o mundo considera como melhor parceiro para a paz.

Estas odiosas falácias somadas às inúmeras tentativas árabes/palestinas de desconsiderar a presença judaica milenar naquelas terras através de ações em órgãos internacionais, como as vergonhosas moções da Unesco que contradizem as fartas e amplamente documentadas evidências, mostram quem realmente não quer a paz, quem não aceita o próximo, quem busca o conflito a qualquer preço.

Mais impressionante ainda neste caso é o silêncio ensurdecedor do mundo que também se cala, ou pouco faz, diante de casos gritantes em todo mundo como os mais de 500.000 mortos na Síria, ou o trágico destino de escravos africanos na Líbia, a sangrenta guerra civil Iemenita, ou a vergonhosa expulsão da minoria muçulmana em Myanmar. Enquanto isto, este mesmo mundo, vocifera estridentemente quando um presidente atua conforme as leis soberanas do seu país e faz valer uma lei aprovada em 1995 de forma democrática por um congresso legítimo!

Ainda é cedo para saber o que de fato vai acontecer, mas este reconhecimento, apesar de tardio é muito bem vindo. Deixa claro o que na pratica já é rotina, abre as portas para que o mundo civilizado conserte um erro histórico e mais ainda, tira a liderança palestina de sua confortável e altamente rentável inércia.

Que novos e prósperos ares soprem pelas terras de Sião.

About the Author
Ariel é administrador de empresas formado em Comercio Exterior no Mackenzie, tem um MBA em Marketing na ESPM e Curso de Especialização em Liderança Empresarial e Comunitária na Instituição de ensino superior e pesquisa Insper e no Instituto Rutenbergem em Haifa - Israel. É palestrante ativo com apresentações em escolas, sinagogas, centros comunitários, igrejas, clubes, etc, com 25 anos de voluntariado comunitário como monitor, instrutor, dirigente e diretor de instituições. Há mais de 25 anos é um estudioso e entusiasta da historia, política, diplomacia e geografia no mundo mas principalmente do Oriente Médio. Morou em Israel e já retornou mais de uma dúzia de vezes para lá e para outros países da região (Egito, Territórios Palestinos ..). Em várias oportunidades teve contatos, encontros, discussões com diversas autoridades, formadores de opinião e jornalistas, em Israel, EUA e Brasil. Escreve artigos publicados em diversas mídias, como a Revista Shalom, Blog do Jornal Times of Israel, Al Arabyia, Tribuna Judaica e Portais como Pletz, WebJudaica, sites, etc ... Um dos nove membros do SC (Steering Committee) do JDC (Jewish Diplomatic Corps) braço diplomático do WJC (World Jewish Congress) guarda-chuva de mais de 100 comunidades em todo mundo, membro do Congresso Judaico Latinoamericano onde atua ativamente há mais de 10 anos com contato inter-religioso e Diretor do Taglit Birthright Israel.