-
NEW! Get email alerts when this author publishes a new articleYou will receive email alerts from this author. Manage alert preferences on your profile pageYou will no longer receive email alerts from this author. Manage alert preferences on your profile page
- Website
- RSS
O Contragolpe de Erdogan
Foi um golpe esquisito, desorientado, quase teatral e orquestrado por uma inexpressíva parcela de militares que, até este momento, não ficou clara a motivação.
Quando recebi a notícia de um golpe de militar na Turquia, fiquei primeiro surpreso, e depois, desconfiado. Os perpetradores não declararam o motivo, tampouco quem liderou a tentativa de golpe. Pelo contrário, somente um lado, o do Governo, foi quem falou sobre a assunto.
Enquanto alguns militares fechavam a principal ponte de Istambul, uma dezena de caças sobrevoavam a cidade de Ancara, a capital. O que se viu, ou melhor, não se viu, foi um golpe militar, dissolvido dentro de poucas horas pelas forças turcas com o auxílio da população.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, utilizou as redes sociais, que ele mesmo criticou durante os últimos protestos, e mesquitas espalhadas por todo o território turco, para chamar a população para uma luta pela democracia. Que democracia? Nem mesmo o Egito acredita na democracia turca.
Ironicamente, o país que sofreu três golpes militares nas últimas décadas, sendo que em um deles a força não foi sequer necessária, desta vez, passou ileso sob o comando de Erdogan.
A tese levantada de que o golpe seria contra o totalitarismo de Erdogan, funciona ao contrário, porque ele próprio, agora no contragolpe, reuniu mais forças devido à vitória rápida, à prisão e execução sumária de opositores, que inclui centenas de soldados, dezenas de comandantes do exército turco e até mesmo promotores e juízes, e a censura de dezenas de veículos de mídia ditos “contra o governo”.
O fato resultou no enfraquecimento de seu inimigo político Muhammed Fethullah Gülen, auto-exilado nos Estados Unidos, e ainda concebeu a Erdogan apoio massivo da população turca.
Tem um ditado árabe que diz “a subsistência dos espertos é fornecida pelos tolos”. Seguindo este raciocínio, enquanto maiores informações sobre o golpe não chegam, o contragolpe de Erdogan, notório articulista e estrategista político, colocou o futuro da Turquia exatamente onde ele mais queria: em suas próprias mãos.
Related Topics